A gaia ciência hedonista

Fourier
“Quando não se ocupava das transformações do mar em vasta extensão de limonada ou dos meios de fazer crescer um arquibraço saindo do tórax dos habitantes de sua cidade ideal, Charles Fourier (1772 – 1837) se interessava pelas morais repressivas que grassam desde sempre para lhes preferir o que ele denominava, usando um belo termo, contramoral; aquela que lavrou, apesar das perseguições e dos riscos, o princípio do prazer contra o princípio de realidade, a que preferiu o gozo e o hedonismo ao recalcamento e ao ascetismo. Nos cadernos que deixou, e que os ratos pouparam – pois os roedores fizeram mais mal aos manuscritos do que a glosa dos universitários –, pode-se ler a respeito: “A contramoral foi pouco ou nada estudada: é uma análise que poderia fornecer uma obra especial muito interessante, e desagradável para os moralistas cujos sistemas ela confundiria”. Contra Fourier é de duvidar que os moralistas em questão aceitam ver suas crenças e suas certezas abaladas por alguns hedonistas, que eles se apressariam em soçobrar sob pretexto de falta de seriedade, de ausência de rigor, ou de incapacidade para o sistema. Isso quando não se utilizasse uma apreciação moral para relegá-los por indecência, inconsequência ou vulgaridade, às estantes de segunda categoria, atrás das obras completas de Kant, por exemplo.”
[Texto extraído do livro “A arte de ter prazer”, do filósofo francês Michel Onfray]

Algumas citações de Fourier encontradas Internet a dentro:
“A ampliação dos direitos das mulheres é o princípio básico de todo progresso social.”
“Todos esses caprichos filosóficos, a que se chamam deveres não têm qualquer relação com a natureza.”
“O casamento parece ter sido inventado para recompensar os perversos.”
“Um rico casamento é comparável ao batismo, pela prontidão com que apaga toda a mácula anterior.”

Mais um filósofo que vale a pena estudar…

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